Este é o primieiro episódio que o safadenho Harry Mudd aparece, e apesar de ser um sujeito odiável, chega em alguns (muitos) momentos a ser querido pelo seu jeito, seu humor, sua aparência e sua mente (levemente) perturbada.
O episódio em questão mostra Mudd como o vigarista que é, dessa vez numa espécie de mercador de mulheres, que ele diz se tratar de moças que foram criadas para serem boas esposas. Apesar de ser uma coisa meio (completamente) machista, é interessante para se fazer alguns apontamentos, mas antes, voltemos à história.
No episódio, Mudd e três mulheres são resgatadas de uma nave que passava por sérios problemas, mas estas mulheres tinham algo especial: eram portadoras não de uma beleza incomparável, mas um “encanto” que os homens não enxergavam em outras. Não digo beleza pelo fato de outras, que considero mais belas, como a enfermeira Christine Chapel (que em The Next Generation atuou como a mãe da conselheira Deana Troi) não despertarem o mesmo que estas mulheres despertaram (com exceção do episódio onde o garoto pedido Charlie é resgatado e se apaixona por ela, e o próprio Mr. Spock demonstra em alguns outros).
Muitos tripulantes da Enterprise, inclusive o Capitão Kirk e o Dr. McCoy, são atraídos por elas. O que ninguem sabia até então é que elas não eram, aparentemente, o que se mostravam ser… e isto foi o que me fez escrever sobre este episódio.
Mudd as “drogava” com um medicamento para que elas ficassem mais bonitas, mas por um certo período, assim como os anabolizantes.
Como já disse acima, é um episódio marcado pelo machismo, que novamente é abordado quando Mudd troca as mulheres por sua liberdade, e também mais tarde quando os colonos vão conferir o “produto”.
No planeta que orbitavam, haviam apenas três homens que trabalhavam nas minas e como a Enterprise precisava dos cristais, forçadamente teve de “aceitar” a troca: as mulheres e a liberdade de Mudd pelos cristais, mas logo os colonos descobriram a verdade sobre elas e a droga, numa manhã em que elas acordaram como eram de verdade, e este é o ponto que talvez seja mais expressivo no episódio.
Quando elas são vistas como realmente são, mulheres com nenhum atrativo físico positivo (vulgo feias), os colonos exigem que a troca seja desfeita, e elas que Mudd dê mais da droga. Todas com exceção de uma que está cansada de tudo aquilo, que apesar de saber ser improvável que venha a acontecer, ainda deseja ser vista como ela é por dentro, uma mulher admirável por suas qualidades e habilidades, e não atributos físicos.
Quando Mudd e Kirk voltam da Enterprise e lhe dão a droga, ela instantaneamente volta a ser a mulher linda de antes, e aí vem a surpresa: Kirk a enganou e no lugar da droga, deu-lhe apenas uma pílula de gelatina, placebo, em outras palavras. E quando diz isso para a mulher, solta uma frase marcante que mostra que Star Trek não é apenas uma série de ficção, mas também tem mensagens positivas por trás:
“Há somente um tipo de mulher (ou homem). Você acredita em você mesmo, ou não.”(Cap. James T. Kirk)
E realmente era disso que se tratava todo o episódio. Não importa como você é, mas o que você faz de você. Não precisa ser o mais atrativo, basta ter sua força interior forte o bastante para saber que sempre é capaz, saber que sua única barreira é você mesmo.
Para quem ainda não assistiu o episódio, ei-lo aqui, mas para a tristeza de alguns, este está sem legenda e em inglês.
O episódio também não diz só isso, mas também que todas as mulheres são muito além do que a parte externa, que todos vemos; são acima de tudo a parte interna, que poucos tem a chance de conhecer.
E é por essas e por outras que este episódio é tão marcante.
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